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Dólar opera em alta, após aprovação do pacote orçamentário de Trump e de olho no tarifaço; Ibovespa cai

Na véspera, a bolsa avançou 1,35% nesta quinta-feira, aos 140.928 pontos. Já a moeda americana recuou 0,29%, cotada a R$ 5,4049. Congresso dos EUA aprova 'p...

Dólar opera em alta, após aprovação do pacote orçamentário de Trump e de olho no tarifaço; Ibovespa cai
Dólar opera em alta, após aprovação do pacote orçamentário de Trump e de olho no tarifaço; Ibovespa cai (Foto: Reprodução)

Na véspera, a bolsa avançou 1,35% nesta quinta-feira, aos 140.928 pontos. Já a moeda americana recuou 0,29%, cotada a R$ 5,4049. Congresso dos EUA aprova 'pacotaço' de Donald Trump O dólar opera em alta de 0,13% nesta sexta-feira (4), cotado a R$ 5,4125 perto das 10h. O Ibovespa, por sua vez, operava em queda de 0,16% no mesmo horário, aos 140.700 pontos. Na véspera, a bolsa avançou aos 140.928 pontos, atingindo um novo recorde, enquanto o dólar fechou cotado a R$ 5,4049 — menor nível desde 11 junho de 2024 (R$ 5,3605). ▶️ Os investidores avaliam os possíveis efeitos do pacote de cortes de impostos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O texto foi aprovado pelo Congresso na véspera, após intensa articulação política, e prevê uma ampla redução de tributos e aumento nos gastos públicos. A estimativa é que o pacote aumente a dívida pública dos EUA em US$ 3,3 trilhões na próxima década, o que agrava a situação fiscal e eleva a desconfiança sobre a economia americana. ▶️ Outro ponto de atenção é o fim do prazo de suspensão do tarifaço. Na quinta-feira (3), Trump afirmou que Washington começará a enviar cartas aos países hoje, especificando as taxas tarifárias que eles terão de pagar sobre as exportações aos EUA. A possível volta das tarifas preocupa o mercado. A avaliação é que elas podem elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, o que tende a aumentar a inflação e forçar o Fed (o banco central dos EUA) a manter os juros altos por mais tempo. ▶️ Além disso, o dia deve ser de de liquidez reduzida (ou seja, um volume menor de negociações) nesta sexta-feira, por conta do feriado do Dia da Independência nos EUA — que mantém os mercados fechados por lá. ▶️ No Brasil, segue em destaque a derrubada do projeto que previa aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O presidente Lula defendeu a judicialização da medida e negou atrito com o Congresso. (leia mais abaixo) A equipe econômica ainda insiste na necessidade da taxação ao IOF para fechar as contas de 2025. Como mostrou o g1, a queda na arrecadação e a resistência do Congresso podem levar a novos cortes no Orçamento. Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado. 💲Dólar a Acumulado da semana: -1,43%; Acumulado do mês: -0,53%; Acumulado do ano: -12,54%. 📈Ibovespa Acumulado da semana: -0,58%; Acumulado da semana: +2,97%; Acumulado do mês: +1,49%; Acumulado do ano: +17,16%. O 'grande e belo' pacote orçamentário de Trump Com a aprovação pelo Congresso na tarde desta quinta-feira, o mercado passa a analisar os possíveis impactos do megapacote orçamentário de Trump. O projeto, que agora deverá ser sancionado pelo republicano, reduz impostos, aumenta a verba contra imigrantes e corta programas sociais. Intitulado de One Big Beautiful Bill ("Um grande e belo projeto”, em tradução livre), o texto prevê, entre outros pontos: aumento de recursos destinados ao controle da imigração; ampliação dos gastos com as Forças Armadas; cortes em programas sociais — especialmente na área da saúde; criação de novas isenções fiscais para gorjetas e horas extras; revogação de incentivos à energia limpa implementados pelo democrata Joe Biden. A proposta prorroga os cortes de impostos implementados em 2017, durante o primeiro mandato de Trump. Em contrapartida, reduz os recursos destinados a programas como o Medicaid — que garante acesso à saúde para famílias de baixa renda. Além disso, o projeto pode aumentar significativamente a dívida pública dos EUA. O Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês) estima que o pacote orçamentário adicionará cerca de US$ 3,3 trilhões (aproximadamente R$ 18 trilhões) à dívida pública do país. A expectativa é que Donald Trump sancione a lei até esta sexta-feira (4), feriado da Independência nos EUA. LEIA MAIS AQUI. Tarifaço: contagem regressiva para o fim da trégua O tarifaço de Trump voltou a ganhar destaque após a estabilização da situação no Oriente Médio. A suspensão de 90 dias das tarifas impostas pelo republicano está prestes a expirar, e o baixo número de acordos firmados até o momento continua gerando preocupação. Trump e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmaram na última terça-feira que o prazo não será estendido e as tarifas poderão ser restabelecidas após 9 de julho. Já na véspera, Trump afirmou que Washington começará a enviar as cartas para os países parceiros ainda nesta sexta, especificando as taxas que cada nação precisará pagar sobre as exportações feitas aos EUA. O republicano afirmou que as cartas serão enviadas a 10 países de cada vez, estabelecendo taxas tarifárias entre 20% e 30%. "Temos mais de 170 países, e quantos acordos você pode fazer?", disse Trump. "Eles são muito mais complicados". Algumas nações, no entanto, ainda tentam caminhar com as negociações comerciais. Na segunda-feira, o Canadá cancelou o imposto sobre serviços digitais direcionado a empresas de tecnologia dos EUA, poucas horas antes de sua entrada em vigor. A decisão foi interpretada como uma tentativa de destravar as negociações comerciais, que haviam sido interrompidas por Trump. Além disso, a União Europeia busca um alívio imediato nas tarifas comerciais para setores estratégicos do bloco como condição para qualquer acordo com os EUA, segundo diplomatas ouvidos pela Reuters. 🔎 O mercado avalia que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo. Esse cenário pode levar à desaceleração da economia dos EUA e até a uma recessão global. Diante das preocupações com as contas públicas e pelo tarifaço, a política de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também fica no radar. Nesta semana, o presidente da instituição, Jerome Powell, voltou a afirmar que a instituição pretende “esperar e obter mais informações” sobre os impactos das tarifas na inflação antes de reduzir as taxas de juros, ignorando mais uma vez as pressões de Trump por cortes imediatos. Dados da economia americana Diante das preocupações com a inflação e as taxas de juros nos EUA, os investidores permaneceram atentos aos novos dados da economia americana. Nesta quinta-feira (3), o Departamento do Trabalho dos EUA informou que a taxa de desemprego caiu inesperadamente em junho, para 4,1%, indicando que o mercado de trabalho segue estável. A economia dos EUA gerou 147 mil empregos fora do setor agrícola em junho, após a criação de 144 mil vagas em maio, número revisado para cima. O resultado de junho superou com folga a estimativa mediana dos economistas consultados pela Reuters, que previam a geração de 110 mil postos. Apesar de o resultado ter superado as expectativas, o ritmo de crescimento do emprego está diminuindo, principalmente por causa da redução nas contratações. As demissões permanecem em níveis baixos, pois os empregadores têm mantido seus funcionários diante das dificuldades para contratar mão de obra durante e após a pandemia da Covid-19. Diversos indicadores, como o número de solicitações de auxílio-desemprego, indicam uma certa fadiga no mercado de trabalho, depois de um desempenho robusto que ajudou a evitar a recessão, especialmente enquanto o Fed endureceu a política monetária para conter a alta da inflação. A maioria dos economistas prevê que a taxa de desemprego suba até o segundo semestre deste ano, o que pode levar o Fed a reiniciar o afrouxamento da política monetária em setembro. De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, o déficit comercial do país cresceu 18,7% em maio, atingindo US$ 71,5 bilhões. O aumento refletiu a queda nas exportações, mas especialistas afirmam que o baixo volume das importações indica que o comércio pode impulsionar a recuperação econômica no segundo trimestre. Entre os setores econômicos, o de serviços nos EUA voltou a crescer em junho, impulsionado pela recuperação dos pedidos. As encomendas à indústria americana também aumentaram, principalmente devido à forte demanda por aeronaves. De olho no IOF As contas públicas também continuam no centro das atenções nesta quinta-feira, conforme investidores seguem atentos aos desdobramentos da derrubada do IOF pelo Congresso Nacional, na semana passada. Segundo a equipe econômica, a revogação do decreto do IOF deve resultar em uma perda de arrecadação de R$ 10 bilhões ainda neste ano. Especialistas ouvidos pelo g1 alertam que a medida pode levar o governo a adotar novos bloqueios e contingenciamentos no Orçamento de 2025. ▶️ Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou novamente que o governo precisa do aumento do IOF para equilibrar as contas em 2026. O ministro também declarou que, para equilibrar as contas públicas, será necessário aprovar a Medida Provisória que aumenta a tributação sobre apostas eletrônicas (bets), criptoativos, fintechs e outros setores, além de cortar aproximadamente R$ 15 bilhões em benefícios fiscais. Nesta quarta, Haddad minimizou a crise do governo com o Congresso e voltou a refutar o termo "traição" na relação do Executivo com o Legislativo, mas afirmou que não foi o governo que deixou a mesa de negociação sobre o IOF. O presidente Lula defendeu nesta quarta a decisão do governo de recorrer no STF contra a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso. "Se eu não for à Suprema Corte, eu não governo mais o país. Esse é o problema. Cada macaco no seu galho. Ele legisla, e eu governo", disse o presidente. Na terça-feira (1º), o advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que o governo federal decidiu levar a questão ao Supremo. Segundo ele, a derrubada do decreto pelo Congresso violou a separação de Poderes. Funcionário de banco em Jacarta, na Indonésia, conta notas de dólar, em 10 de abril de 2025. Tatan Syuflana/ AP *Com informações da agência de notícias Reuters.