Ibovespa bate 140 mil pontos e renova recorde; dólar tem menor valor em mais de 1 ano
A bolsa avançou 1,35% nesta quinta-feira, aos 140.928 pontos. A moeda americana recuou 0,29%, cotada a R$ 5,4049. EUA: Senado vota proposta de orçamento do g...

A bolsa avançou 1,35% nesta quinta-feira, aos 140.928 pontos. A moeda americana recuou 0,29%, cotada a R$ 5,4049. EUA: Senado vota proposta de orçamento do governo Trump O Ibovespa avançou 1,35% nesta quinta-feira (3) e encerrou o dia aos 140.928 pontos, atingindo um novo recorde. Até então, o maior nível havia sido registrado em 20 de maio, quando bateu 140.110 pontos. O índice passou a maior parte da sessão desta quinta acima dos 141 mil pontos — marca inédita. Na reta final do pregão, porém, perdeu fôlego. Já o dólar apresentou volatilidade ao longo do dia, mas fechou em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,4049 — menor nível desde 11 junho de 2024 (R$ 5,3605). ▶️ Investidores estão de olho nos possíveis efeitos do megapacote de cortes de impostos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O texto, aprovado hoje pelo Congresso após intensa articulação política, prevê uma ampla redução de tributos e aumento nos gastos públicos. A estimativa é que o pacote aumente a dívida pública dos EUA em US$ 3,3 trilhões na próxima década, o que agrava a situação fiscal e eleva a desconfiança sobre a economia americana. ▶️ Outro ponto de atenção é o fim do prazo de suspensão do tarifaço. Os EUA tentam negociar com parceiros comerciais, mas só três acordos foram fechados até agora — o mais recente, com o Vietnã, foi anunciado na quarta-feira. A possível volta das tarifas preocupa o mercado. A avaliação é que elas podem elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, o que tende a aumentar a inflação e forçar o Fed (o banco central dos EUA) a manter os juros altos por mais tempo. ▶️Em meio às preocupações com a inflação e os juros norte-americanos, investidores avaliam novos dados da economia americana. O destaque é o payroll, relatório sobre o mercado de trabalho dos EUA que funciona como um termômetro da atividade econômica. (saiba mais abaixo) Embora a criação de vagas tenha superado as expectativas em junho, esse avanço foi atenuado por revisões negativas nos dados dos meses anteriores. Para especialistas, os resultados reforçam a expectativa de corte de juros pelo Fed neste ano, o que beneficia mercados brasileiros. ▶️ No Brasil, segue em destaque a derrubada do projeto que previa aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O presidente Lula defendeu a judicialização da medida e negou atrito com o Congresso. (leia mais abaixo) A equipe econômica ainda insiste na necessidade da taxação ao IOF para fechar as contas de 2025. Como mostrou o g1, a queda na arrecadação e a resistência do Congresso podem levar a novos cortes no Orçamento. Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado. 💲Dólar a Acumulado da semana: -1,43%; Acumulado do mês: -0,53%; Acumulado do ano: -12,54%. 📈Ibovespa Acumulado da semana: -0,58%; Acumulado da semana: +2,97%; Acumulado do mês: +1,49%; Acumulado do ano: +17,16%. O 'grande e belo' pacote orçamentário de Trump Com a aprovação pelo Congresso na tarde desta quinta-feira, o mercado passa a analisar os possíveis impactos do megapacote orçamentário de Trump. O projeto, que agora deverá ser sancionado pelo republicano, reduz impostos, aumenta a verba contra imigrantes e corta programas sociais. Intitulado de One Big Beautiful Bill ("Um grande e belo projeto”, em tradução livre), o texto prevê, entre outros pontos: aumento de recursos destinados ao controle da imigração; ampliação dos gastos com as Forças Armadas; cortes em programas sociais — especialmente na área da saúde; criação de novas isenções fiscais para gorjetas e horas extras; revogação de incentivos à energia limpa implementados pelo democrata Joe Biden. A proposta prorroga os cortes de impostos implementados em 2017, durante o primeiro mandato de Trump. Em contrapartida, reduz os recursos destinados a programas como o Medicaid — que garante acesso à saúde para famílias de baixa renda. Além disso, o projeto pode aumentar significativamente a dívida pública dos EUA. O Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês) estima que o pacote orçamentário adicionará cerca de US$ 3,3 trilhões (aproximadamente R$ 18 trilhões) à dívida pública do país. A expectativa é que Donald Trump sancione a lei até esta sexta-feira (4), feriado da Independência nos EUA. LEIA MAIS AQUI. Tarifaço: contagem regressiva para o fim da trégua O tarifaço de Trump voltou a ganhar destaque após a estabilização da situação no Oriente Médio. A suspensão de 90 dias das tarifas impostas pelo republicano está prestes a expirar, e o baixo número de acordos firmados até o momento continua gerando preocupação. Trump e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmaram na última terça-feira que o prazo não será estendido e as tarifas poderão ser restabelecidas após 9 de julho. Na segunda-feira, o Canadá cancelou o imposto sobre serviços digitais direcionado a empresas de tecnologia dos EUA, poucas horas antes de sua entrada em vigor. A decisão foi interpretada como uma tentativa de destravar as negociações comerciais, que haviam sido interrompidas por Trump. Além disso, a União Europeia busca um alívio imediato nas tarifas comerciais para setores estratégicos do bloco como condição para qualquer acordo com os EUA, segundo diplomatas ouvidos pela Reuters. 🔎 O mercado avalia que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo. Esse cenário pode levar à desaceleração da economia dos EUA e até a uma recessão global. Diante das preocupações com as contas públicas e pelo tarifaço, a política de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também fica no radar. Nesta semana, o presidente da instituição, Jerome Powell, voltou a afirmar que a instituição pretende “esperar e obter mais informações” sobre os impactos das tarifas na inflação antes de reduzir as taxas de juros, ignorando mais uma vez as pressões de Trump por cortes imediatos. Dados da economia americana Diante das preocupações com a inflação e os juros norte-americanos, investidores também ficam atentos aos novos indicadores da economia do país. Nesta quinta-feira (3), o Departamento do Trabalho dos EUA anunciaram que a taxa de desemprego do país caiu inesperadamente em junho, para 4,1%, sugerindo que o mercado de trabalho permaneceu estável. O relatório de emprego (payroll) surpreendeu positivamente em junho, com a criação de 146 mil vagas, bem acima da expectativa do mercado, que era de cerca de 110 mil, destaca o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz. "No entanto, esse dado foi parcialmente compensado pelas revisões negativas dos meses anteriores, que somaram 111 mil vagas a menos do que se previa", destaca. Cruz afirma que o dado mais relevante para o Federal Reserve está na remuneração dos trabalhadores, que mostrou desaceleração. O aumento mensal nos rendimentos caiu de 0,4% para 0,2%, abaixo da projeção de 0,3%. Em 12 meses, os ganhos médios recuaram de 3,9% para 3,7%. "Essa desaceleração salarial reforça a expectativa de corte de juros pelo Fed ainda em 2024. O próprio Powell [presidente da instituição] já comentou que um ritmo de crescimento em torno de 3,5% ao ano seria considerado saudável e compatível com a meta de inflação", afirma Gustavo Cruz. "Com os salários se aproximando desse nível, a pressão sobre os preços parece menor", acrescenta. Segundo o Departamento do Comércio dos EUA, o déficit comercial do país aumentou 18,7% em maio, para US$ 71,5 bilhões. O resultado refletiu a queda nas exportações norte-americanas no período, mas, segundo especialistas, o volume ainda baixo das importações sugere que o comércio ainda pode liderar uma recuperação do crescimento econômico no segundo trimestre. Entre os segmentos econômicos, o setor de serviços dos EUA voltou a expandir em junho, com a recuperação dos pedidos. As encomendas à indústria norte-americana também voltaram a registrar alta, devido à forte demanda por aeronaves. De olho no IOF As contas públicas também continuam no centro das atenções nesta quinta-feira, conforme investidores seguem atentos aos desdobramentos da derrubada do IOF pelo Congresso Nacional, na semana passada. Segundo a equipe econômica, a revogação do decreto do IOF deve resultar em uma perda de arrecadação de R$ 10 bilhões ainda neste ano. Especialistas ouvidos pelo g1 alertam que a medida pode levar o governo a adotar novos bloqueios e contingenciamentos no Orçamento de 2025. ▶️ Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou novamente que o governo precisa do aumento do IOF para equilibrar as contas em 2026. O ministro também declarou que, para equilibrar as contas públicas, será necessário aprovar a Medida Provisória que aumenta a tributação sobre apostas eletrônicas (bets), criptoativos, fintechs e outros setores, além de cortar aproximadamente R$ 15 bilhões em benefícios fiscais. Nesta quarta, Haddad minimizou a crise do governo com o Congresso e voltou a refutar o termo "traição" na relação do Executivo com o Legislativo, mas afirmou que não foi o governo que deixou a mesa de negociação sobre o IOF. O presidente Lula defendeu nesta quarta a decisão do governo de recorrer no STF contra a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso. "Se eu não for à Suprema Corte, eu não governo mais o país. Esse é o problema. Cada macaco no seu galho. Ele legisla, e eu governo", disse o presidente. Na terça-feira (1º), o advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que o governo federal decidiu levar a questão ao Supremo. Segundo ele, a derrubada do decreto pelo Congresso violou a separação de Poderes. Dólar Freepik *Com informações da agência de notícias Reuters.
Fonte da Reprodução:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/07/03/dolar-ibovespa.ghtml